Ensino Híbrido

Ensino híbrido: potencializando o aprendizado com as tecnologias educacionais

agosto 26, 2020 4 min read

Ensino híbrido: potencializando o aprendizado com as tecnologias educacionais

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Junto com a discussão sobre a volta das atividades presenciais nas escolas, um assunto que ganhou destaque foi o Ensino Híbrido, uma das principais tendências de Inovação na Educação, que propõe a mistura entre o ensino presencial (mediado pelo professor) e o ensino online (mediado pela tecnologia).

As escolas, para cumprir os protocolos de segurança sanitária e higiene, precisarão retomar as atividades com redução da quantidade de alunos nos espaços físicos. Isso significa que será necessário um revezamento entre aulas presenciais e remotas, de uma maneira semipresencial.

Em outro texto, expliquei o porquê o ensino remoto emergencial não pode ser chamado de Educação à distância (EaD). De maneira semelhante, o processo semipresencial precisa ser bem planejado para usufruir dos benefícios do Ensino Híbrido.

Este texto resume o que é o conceito de Ensino Híbrido, mostra os principais benefícios e introduz os modelos de aplicação, baseado no livro “Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação”, do autor Michael Horn e da autora Heather Staker. O livro trata do contexto dos estudantes nos Estados Unidos, portanto necessita de uma releitura para o contexto brasileiro.

Nos próximos textos vou detalhar alguns destes modelos, pensando nos professores que querem aplicar em suas aulas.

O que é o Ensino Híbrido?

O Ensino Híbrido é uma estratégia pedagógica que utiliza tecnologias educacionais no processo de ensino, misturando atividades mediadas pelo professor e tarefas mediadas pela tecnologia. A ideia é utilizar o ensino online para potencializar o ensino presencial ou para uma abordagem totalmente disruptiva.

O uso de tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) permite que a Educação amplie as restrições de espaço e horário para além da sala de aula. No caso de cursos EaD, o processo ocorre totalmente de forma remota. Porém, o ensino presencial pode utilizar as TDICs para ampliar o tempo e os espaços de estudo, trazendo muitos benefícios para o processo pedagógico.

A estratégia de Ensino Híbrido procura realizar com mediação da tecnologia educacional as atividades que não necessitam de acompanhamento direto do professor, inclusive com melhorias. Assim, o tempo em sala de aula será aproveitado para ações em que a mediação do educador é indispensável.

No caso do retorno das escolas em uma dinâmica semipresencial, o professor deve pensar as atividades remotas de maneira diferente das atividades presenciais, de acordo com a estratégia que melhor funciona em cada modelo. Simplesmente transmitir ou gravar a aula presencial para os alunos ausentes não seria a melhor estratégia pedagógica.

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Modelos e benefícios do Ensino Híbrido enriquecendo o presencial

O primeiro benefício do Ensino Híbrido é a ampliação do processo educativo para além da sala de aula, otimizando as atividades realizadas em casa. Com a utilização das TDICs o professor ou professora amplia as possibilidades de tarefas para os alunos fazerem fora do momento da aula, não se limitando a listas de exercícios e leituras.

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No modelo de “sala de aula invertida”, o educador ou a educadora transfere para casa a explicação inicial de conceitos (com videoaulas gravadas ou selecionadas na internet) e a avaliação diagnóstica conceitual (utilizando um questionário online), deixando para o encontro presencial atividades de discussão, elaboração de projetos, aprofundamento de conteúdo e dúvidas.

Outro benefício é a possibilidade de dividir a turma no momento da aula, de modo que um ou mais grupos sigam um roteiro de tarefas mediadas por tecnologia de maneira autônoma e o professor possa dar maior atenção a um único grupo, revezando ao longo da mesma aula ou de aulas diferentes. Desta forma, por serem menos alunos por vez, o professor pode dedicar um tempo de qualidade maior para cada um.

No modelo “laboratório rotacional, metade da turma pode ir para o laboratório de informática e a outra metade ficar na sala com o professor. No modelo “rotação por estações, as estações podem ser planejadas no mesmo espaço ou em espaços diferentes, de acordo com a disponibilidade de tecnologias e trocando de atividade após determinado tempo. Já no modelo “rotação individual” os alunos precisam cumprir um roteiro que envolve diversas atividades, sendo eles responsáveis por controlar o tempo dedicado a cada tarefa.

Nestes modelos, vemos o Ensino Híbrido como uma possibilidade de dar uso de maneira otimizada aos laboratórios de informática e outros recursos tecnológicos da escola. Outra vantagem é a capacidade de trabalhar a autonomia dos alunos, ao realizar o roteiro de atividades sem mediação do professor, criando a consciência de serem responsáveis pelo próprio aprendizado.

Por fim, o benefício principal do Ensino Híbrido, na minha opinião, é a possibilidade de personalização do ensino. Seja pelo uso de tecnologias para obtenção de dados de diagnóstico individual, pelo professor ter menos alunos por rodada sob sua orientação ou pelos alunos poderem tomar decisões acerca do seu processo de aprendizado.

Modelos de Ensino Híbrido para retorno com atividades semipresenciais

No livro de Horn e Staker, são apresentados três outros modelos de Ensino Híbrido que (juntamente com o já citado “Rotação Individual”) são apontados como disruptivos, especialmente por romperem com a rigidez do currículo e com a centralização do processo no encontro com o professor. Por serem modelos que alternam efetivamente o ensino presencial e o online, podem servir de referência para o planejamento da volta às escolas.

No modelo “Flex, boa parte das tarefas são realizadas online, de maneira fluida e personalizada de acordo com as necessidades de cada estudante, intercalando com atividades presenciais obrigatórias. No modelo “a la carte, os estudantes têm a possibilidade de realizar, principalmente, matérias eletivas e de aprofundamento de maneira online, personalizando o seu currículo e podendo usar o ensino online para estudar com professores especialistas de outras localidades.

Estes modelos exigem maior disponibilidade de acesso dos estudantes ao ensino onlineo maior desafio encontrado no ensino remoto emergencial, principalmente nas escolas públicas. Porém, estas estratégias podem auxiliar os professores a organizar a dinâmica do ensino semipresencial, em forma de rodízio, no qual os professores podem escolher quais conteúdos serão online e quais serão presenciais.

modelo “virtual aprimorado disponibiliza todo o currículo de maneira online e oferece atividades complementares presenciais, opcionais para os alunos, como apoio pedagógico, orientação com professores, deixando a cargo do aluno definir quais atividades irá realizar. Este modelo pode ser uma inspiração para as escolas particulares cujos alunos tenham dispositivos com acesso à internet para acompanhar o ensino online. Abrindo as atividades presenciais em caráter opcional para os alunos estudarem na sala de informática e na biblioteca, além receberem orientações dos professores.

PS: os textos seguintes da série já foram publicados, veja nos links:

Recomendações para aprofundar no tema

Vou deixar algumas referências para quem quiser aprofundar no tema do Ensino Híbrido. Meus próximos textos continuarão o assunto, com recortes específicos.

  1. Livro Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação”, de Horn e Staker. Reforçando que os autores se baseiam no contexto dos Estados Unidos, portanto é importante uma releitura adaptando para o Brasil.
  2. Livro Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação”, com textos de diversos educadores e pesquisadores brasileiros, organizados pela Lilian Bacich, uma das maiores especialistas no tema no Brasil.
  3. Curso online “Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação”, elaborado pela Lilian Bacich e oferecido pela Fundação Lemann.
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