Educação

Os diversos tipos de inteligência e os caminhos para o sucesso na educação

janeiro 13, 2021 5 min read

Os diversos tipos de inteligência e os caminhos para o sucesso na educação

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Quantas vezes ouvimos a frase “El@ é inteligente” e automaticamente a imagem que vem à cabeça é um personagem que usa óculos, está sempre mergulhado nos livros, cheio de calculadoras em seu entorno e sem traquejo social nenhum? 

Parece clichê, certo? Isso se dá pelo fato da nossa sociedade ainda ter uma visão muito limitada sobre o conceito tão amplo do “ser inteligente”, muitas vezes focando apenas em cálculos ou leituras, mas a realidade é que somos cercados com inteligências diferentes 24h por dia.

Howard Gardner, professor de psicologia da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, abrange em sua pesquisa: “Teoria das inteligências múltiplas”, criada na década de 1980, oito tipos de inteligência, sendo elas:

  • Inteligência Lógico-Matemática: Por muito tempo foi considerada a principal para indicar inteligência, como os testes de QI. Consiste no uso da razão, resolução de cálculos e detecção de padrões. 
     
  • Inteligência Linguística: Está diretamente interligada não apenas a fala, mas capacidade de se expressar por meio de escrita ou movimentos de contação de história e habilidades oratórias. 
     
  • Inteligência Espacial: Este tipo se refere à capacidade perceptiva do ambiente, geralmente acompanhados de boas noções de espaço, capazes até mesmo de dedução de medidas apenas com o olhar. Também é ligado a criação e percepção de imagens. 
     
  • Inteligência Físico-Cinestésica: Pode-se entender como uma “inteligência corporal”. Geralmente as pessoas dessa categoria tendem a possuir um extremo controle dos movimentos do próprio corpo, como equilíbrio e coordenação motora. 
     
  • Inteligência Interpessoal: Está ligada à capacidade do indivíduo de se colocar no lugar de outras pessoas, além de ter uma grande facilidade para entender suas angústias, medos e outros sentimentos.
     
  • Inteligência Intrapessoal: Refere-se à uma inteligência emocional, a forma com que lidamos e compreendemos nosso interior. É capaz de perceber medos, desejos, motivações e realizar uma auto análise aprofundada. 
     
  • Inteligência Musical: Está ligada à uma facilidade em identificar e interpretar diferentes sons e ritmos. 
     
  • Inteligência Naturalista: Adicionada por Gardner em 1995, essa inteligência trata da forma que lidamos com o mundo natural, como plantas, animais e clima. Possuir um grande apreço pela natureza e prezar por estar no meio dela são características marcantes para esse tipo de inteligência. 

Segundo Gardner, todas as pessoas possuem todos os tipos, porém em diferentes níveis de aptidão:

“Todos nós temos inteligências múltiplas. Mas destacamos, como uma inteligência forte, uma área onde a pessoa tem considerável poder computacional. Sua habilidade de vencer regularmente em um jogo que envolve pensamento espacial sinaliza uma forte inteligência espacial. Sua habilidade de falar uma língua estrangeira fluentemente depois de apenas alguns meses de ‘tornar-se nativo’ sinaliza uma forte inteligência linguística.” 

Mas como essa teoria pode ser aplicada na educação?

Em um ambiente tão diversificado como a sala de aula, é comum que nem todos os alunos sigam o mesmo padrão de “estilo de aprendizagem”, podendo desenvolver mais ou menos afinidade em diferentes matérias. É uma visão falha deixar de considerar as aptidões de muitos alunos que precisam de estímulos diferentes para apresentarem seu potencial. Por isso, destacamos algumas dicas para que você educador possa ajudar os alunos a compreenderem as próprias competências:

Trabalhe o Reforço Positivo

Do ponto de vista da Neurociência, nosso cérebro não “digere” bem o sentimento de frustração, já que antes de cada desapontamento, há um disparo neuronal que provoca a diminuição de serotonina, dopamina e endorfina.

Quando um aluno percebe que não está conseguindo superar as expectativas em determinada matéria, sem o incentivo correto, a probabilidade que ele possa desenvolver ansiedade e até mesmo traumas são altas, já que a diminuição hormonal que ocorre no cérebro é equivalente à dor física.

É importante estimular o aluno para que ele tenha consciência de suas dificuldades e possa dar o melhor de si. Por isso, estímulos positivos vindos de professores e responsáveis, podem fazer com que esse aluno ganhe autoconfiança e consiga passar pelas frustrações, as encarando de frente e vencendo as dificuldades.  

Use metodologias ativas

Há diversos estudos que mostram como uma atividade diferente pode elevar o interesse dos alunos em aprender mais e melhor. Uma atuação em grupo, jogos de tabuleiro, ferramentas visuais ou até mesmo aplicativos gratuitos, plataformas baseadas em jogos, aprendizagem por meio de resolução de problemas e gamificação de processos são apenas alguns exemplos do que pode ser utilizado em sala de aula.

O auxílio das tecnologias digitais no universo educacional faz parte do que Pierre Lévy, filósofo e pesquisador em ciência da informação e comunicação, denominou de “cibercultura”. Junto a essa ideia, Juan Ignácio Pozo, psicólogo e pesquisador em diversos domínios do conhecimento, um deles sendo em estratégias cognitivas de aprendizagem, sugere que essas tecnologias podem auxiliar a nos levar a uma nova cultura de aprendizagem.

É importante ter em mente os diversos tipos de inteligência na hora de lecionar, por exemplo: Um aluno com aptidão à Inteligência Espacial pode encontrar dificuldades em memorizar apenas na leitura de livros, então uma proposta mais visual como aprendizado por meio de imagens pode ser uma boa solução. Outro exemplo: Alunos com dificuldade no aprendizado de matemática, mas com uma ótima aptidão em linguística podem reter melhor o conhecimento por meio da temática de narração de histórias, ou seja, transmitir eventos na forma de palavras, imagens e interpretações.

Quiz - Qual o seu perfil de professor

Aqui seguem algumas possibilidades para o uso em sala de aula, mas sabendo que a regência dessa orquestração entre técnicas e aprendizagem deve passar pela mentoria dos professores. Sabendo disso, fica o convite para testar algo além da aula expositiva.

Tenha empatia e paciência

Ensinar é uma arte e transmitir conhecimento é uma tarefa árdua e sem receita pronta. Lidar com paciência e empatia com relação às questões de aprendizagem é uma forma de mostrar confiança e encorajar os alunos a enfrentarem novos desafios.

Individualizar o ensino é uma questão complexa, mas hoje em dia há diversas formas para testar diferentes metodologias e processos para que tanto o professor quanto o aluno se sintam confortáveis e possam respectivamente ensinar e aprender com eficácia.

Peça por peça, a estrada de tijolos amarelos foi construída.

Mudar o conceito de aprendizagem das instituições de educação já formado em nossa sociedade há muito tempo, não é tarefa fácil. É preciso refletir sobre metodologias e procedimentos educacionais e encontrar os que mais estimulam as diversas potencialidades dos alunos, pensando além da memorização de matemática ou português, propor formas de ensino que se preocupam mais com o real aprendizado do que a quantidade de questões que ele é capaz de resolver em determinado tempo. Essa transformação é sobre guiar o estudante para que ele possa desenvolver suas inteligências e reconhecer suas aptidões e melhorias de uma forma saudável.

O conceito de inteligências múltiplas não são habilidades adquiridas, e sim potencialidades, sendo comum que as pessoas sejam boas em mais de uma delas. Em suma, estimular o aluno a resolver problemas utilizando seus diversos tipos de inteligência, está diretamente ligada a uma qualidade de vida dentro e fora da sala de aula, buscando seu desenvolvimento cognitivo e socioemocional.

Referências 

STRAUSS, V. Howard Gardner: ‘Multiple intelligences’ are not ‘learning styles’. Disponível em: <https://www.washingtonpost.com/news/answer-sheet/wp/2013/10/16/howard-gardner-multiple-intelligences-are-not-learning-styles>. Acesso em: 11 jan. de 2021.

PROULX, C; HIKOSAKA,O; MALINOW, R. Reward processing by the lateral habenula in normal and depressive behaviors. NIH Public Access, USA. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4305435/pdf/nihms655705.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2021.

LEVY, P. Cybercultura. 3 ed. São Paulo: Editora 34, 2010.

POZO, J. A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento. Disponível em: <http://www.franciscoqueiroz.com.br/portal/phocadownload/NovasTecnologias/a%20sociedade%20da%20aprendizagem%20e%20o%20desafio%20de%20converter%20informao%20em%20conhecimento.pdf>. Acesso em: 11 jan. de 2021.

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