Perspectivas do Ensino Híbrido nas escolas em 2021
Reading Time: 3 minutesO aumento de casos de COVID-19 nos últimos meses do ano de 2020 colocam em dúvida a possibilidade de termos um retorno às atividades presenciais nas escolas sem restrições em fevereiro de 2021. Novamente, voltam as discussões sobre metodologias que contribuam para uma modalidade de ensino semipresencial.
O ensino híbrido propõe o planejamento das estratégias educacionais utilizando a tecnologia como mediadora de algumas atividades e o professor dedicado exclusivamente a outras. Em Agosto, quando as discussões sobre o retorno às escolas estava intenso, publiquei uma série de textos sobre conceitos do Ensino Híbrido, para ajudar professores e gestores.
Veja os artigos abaixo:
- Ensino híbrido: potencializando o aprendizado com as tecnologias educacionais
- Sala de aula invertida: dicas para aproveitar o tempo de estudo em casa
- Laboratório rotacional: como dar uso ao laboratório de informática
- Rotação por estações: utilizando o celular em sala de aula
O ensino híbrido é uma metodologia ativa que coloca os alunos no centro das atividades e permite ao professor uma maior possibilidade de personalizar o ensino de acordo com as necessidades pedagógicas de cada aluno.
Esta estratégia pode contribuir para um ensino semipresencial, com algumas atividades mediadas pela tecnologia sendo realizadas autonomamente pelos estudantes em suas casas. Também pode possibilitar o uso de espaços como o laboratório de informática para dividir as turmas no momento das aulas.
A personalização pode ser uma ótima opção para dar conta das lacunas de conteúdo geradas pelo período de ensino remoto emergencial, visto que cada aluno deve apresentar dúvidas e dificuldades diversas.
Desafios para a utilização do Ensino Híbrido nas escolas
Toda inovação pedagógica encontra obstáculos para ser implementada nas escolas, ainda mais na situação de ensino remoto emergencial causada pela pandemia do coronavírus. Vou apontar alguns desafios que considero os mais importantes a serem discutidos neste momento:
1) Formação dos professores
Uma inovação pedagógica só pode ser implementada com formação adequada dos profissionais que serão os responsáveis por planejar e aplicar as estratégias. Assim, é necessário oferecer as condições para que os professores possam estudar os novos conceitos.
As escolas podem contratar formadores, materiais ou até mesmo cursos online (como o da Fundação Lemann e Instituto Península). Além do conteúdo, é essencial pensar em maneiras de incentivar o professor a estudar, disponibilizando tempo de planejamento e, se possível, horas remuneradas para exercer esta atividade.
2) Sobrecarga de trabalho
Sabemos que a rotina de trabalho dos professores não é de poucas horas. Inclusive, escrevi um artigo sobre as condições de trabalho durante o ano de 2020, no ensino remoto emergencial. É importante dar condições para que os professores apliquem as novas metodologias sem resultar em uma sobrecarga.
Ao adotar o ensino híbrido, além do tempo necessário para a formação dos professores, os docentes vão planejar, realizar e avaliar atividades presenciais e online. Principalmente no início, essas atribuições tomarão mais tempo de dedicação ao trabalho.
3) Acesso à internet e dispositivos
No ensino híbrido, parte das atividades será mediada pela tecnologia, portanto é indispensável que professores e alunos tenham acesso a dispositivos e à internet de qualidade.
As escolas podem fornecer seus computadores que estão sem uso, emprestando para os educadores, ou possibilitar que professores e alunos acessem o laboratório de informática ao longo do dia, mediante agendamento para evitar aglomeração.
Os governos poderiam distribuir chip de internet móvel e tablets ou notebooks para docentes e estudantes. Aliás, esta medida já deveria ter sido tomada desde o início do ensino remoto emergencial.
As escolas e professores devem fazer um levantamento (se ainda não souberem) de quais as condições de acesso a dispositivos e internet dos seus alunos. Assim, as atividades podem ser planejadas de acordo com as limitações existentes.
4) Motivação dos estudantes
Outro desafio que precisará ser enfrentado é a motivação dos alunos nos estudos. O cansaço e o estresse do isolamento social atingiram todos nós. É de se esperar que após o ensino remoto emergencial de 2020 o nível de interesse dos estudantes seja baixo.
No ensino híbrido, os alunos devem participar de maneira mais autônoma das atividades, visto que nem sempre o professor estará acompanhando. Para a metodologia ter sucesso, é importante que os estudantes estejam motivados para realizar as atividades.
Uma sugestão é trabalhar com projetos interdisciplinares, utilizando a tecnologia para pesquisar, planejar e realizar iniciativas de intervenção dos próprios alunos com problemas reais. Escrevi também um artigo recente sobre a interdisciplinaridade e tecnologias digitais.