Educação

Qual a importância da tabuada de multiplicação no ensino da matemática?

março 11, 2021 2 min read

Qual a importância da tabuada de multiplicação no ensino da matemática?

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De todos os assuntos abordados nas aulas de matemática, o mais requisitado desde as (antigas) conversas de bar até os constrangedores (e agora raros) almoços de família é um só: a tabuada de multiplicação.

“Quanto é 7 vezes 8?” perguntava o tio do pavê para saber se o sobrinho ou sobrinha é esperto como dizem.

Isso influencia a aula de matemática. Os estudantes parecem muito interessados em decorar a tabuada para apresentar esse feito como um troféu aos seus parentes. E mais: infelizmente, esse conhecimento ganha mais importância se for identificado que uma outra criança ou adolescente da família, e que seja mais velha que o estudante, não sabe a tábua da multiplicação de cor.

Alguns estudantes criam traumas e internalizam que se não conseguiram decorar a tabuada, não conseguirão aprender mais nada de matemática. 

Quando fui abordar a tabuada com meus estudantes de 6° ano em 2019, eu tomei muito cuidado com tudo isso. Logo, a famosa “chamada oral” foi proibida em meu planejamento. Busquei orientações recentes sobre a tabuada no Currículo, na BNCC e livros.

Encontrei nas Orientações curriculares da Rede Municipal de São Paulo (2018) que não é mais: 

2 x 1 = 2

2 x 2 = 4 

2 x 3 = 6

2 x 4 = 8 

E sim: 

1 x 2 = 2 (um agrupamento de 2)

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2 x 2 = 4 (dois agrupamentos de 2)

3 x 2 = 6 (três agrupamentos de 2)

4 x 2 = 8 (quatro agrupamentos de 2)

…  

E encontrei também o que mais me impressionou: devemos perceber junto com os estudantes curiosidades desses resultados da tabuada. 

Na minha época como aluno do ensino fundamental, início dos anos 2000, era quase proibido perceber que a tabuada do 2 “caminha” de dois em dois. 

Pois bem, quando chegou o momento de falar da tabuada, eu apresentei essa “forma correta” e fiz com que eles e elas conhecessem a chamada tábua de Pitágoras, que é uma disposição retangular da tabuada da multiplicação.

Depois, apresentei uma metáfora: 

Imagine que você vai pela primeira vez na escola e precisa pegar um ônibus. Para não esquecer, você escreve em um papel o nome e o número do ônibus. Nos primeiros dias de aula, toda vez que você for para a escola, você vai dar uma olhada no papel. O que vai acontecer depois de um tempo fazendo isso?

“Você não vai mais precisar do papel”, respondeu um estudante. 

Eu disse que ele estava correto e comparei essa história com toda a ideia de “decorar a tabuada”. O acordo era: quanto mais uma informação se faz presente, menos difícil é lembrar dela.

Nas aulas seguintes, fizemos diversas multiplicações e avisei que poderiam consultar a tabuada ou no caderno ou no de papel que colava todos os dias na lousa (até adquirir o meu banner). E, assim, desse ponto até o final do ano, alguns realmente pararam de consultar a tabuada, mesmo que não tenham percebido isso.

No caminho para a matemática, o mais importante não é decorar informações, mas sim “não pegar o ônibus errado” e não desistir de continuar.

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