Sala de aula invertida: dicas para aproveitar o tempo de estudo em casa
Reading Time: 5 minutesNo texto anterior, fiz uma introdução sobre o conceito de Ensino Híbrido, que ganhou destaque com as discussões de retorno das atividades presenciais nas escolas. Fala-se sobre a necessidade de reduzir a quantidade de alunos em sala de aula para garantir o distanciamento físico entre carteiras, o que exigirá que parte do processo de ensino permaneça de maneira remota.
O Ensino Híbrido (veja o texto anterior) é uma estratégia pedagógica que utiliza tecnologias educacionais no processo de ensino, misturando atividades mediadas pelo professor e tarefas mediadas pela tecnologia. Por isso, trata-se de um conceito que pode contribuir para que os professores possam planejar as atividades pedagógicas de maneira semipresencial.
Neste texto, vou falar sobre o modelo de sala de aula invertida (ou flipped classroom), explicando o conceito, indicando os benefícios e apontando possibilidades e ferramentas para colocar em prática.
O que é a sala de aula invertida
A sala de aula invertida é um dos modelos de ensino híbrido mais conhecidos entre professores. Quando pensamos em uma aula tradicional, imaginamos cena de alunos enfileirados em suas carteiras ouvindo a explicação teórica do professor, que utiliza a lousa, a fala e às vezes recursos tecnológicos para garantir a compreensão dos conceitos. Depois, os alunos costumam ter como tarefa para casa realizar trabalhos e exercícios que coloquem os conceitos em prática.
A ideia de inverter a sala de aula, consiste basicamente em destinar a apresentação preliminar dos conceitos teóricos para o momento de estudo individual em casa e destinar o tempo na escola para atividades coletivas entre o professor e os alunos. As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) facilitam este processo. Veja um exemplo no vídeo do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Básica), uma das principais referências no tema de tecnologia educacional:
Os benefícios deste modelo
O benefício mais claro da sala de aula invertida é o maior aproveitamento do tempo em sala de aula para atividades em que a interação entre alunos e professor é essencial, como a realização de projetos, experiências, debates e discussões. Assim, as aulas deixariam de ser apenas expositivas para trazer mais momentos de prática, com aplicação dos conceitos.
Outro benefício é a possibilidade de utilizar as tecnologias disponíveis para oferecer diversas formas de introduzir o conteúdo, como videoaulas gravadas pelo professor, vídeos de especialistas, games, podcasts, artigos, reportagens ou até mesmo trabalhar com a pesquisa autônoma dos alunos.
Por fim, há a vantagem de facilitar a personalização do ensino. Uma das maneiras é flexibilizando a maneira como os alunos terão o contato inicial com os conceitos, adaptando a linguagem e mídia de acordo com a preferência de cada estudante. Por exemplo, o professor pode disponibilizar um texto e um vídeo sobre o mesmo tema e permitir que os alunos escolham estudar o material que preferir.
A personalização também é resultado da melhor utilização do tempo em sala de aula, pois o professor e alunos têm mais tranquilidade para tirar dúvidas individualmente, durante as discussões ou em momento inicial da aula.
Dicas para colocar em prática
Pensando no momento de estudo em casa, é interessante que o professor faça uma busca na internet de materiais sobre os temas do currículo que possam ser úteis para a sua abordagem.
A curadoria destes conteúdos é uma das atividades mais importantes para o processo, uma sugestão é criar um “banco de conteúdos” (pode ser um documento com links de acesso) para facilitar a organização. Se não encontrar nada alinhado à sua abordagem, o professor pode gravar videoaulas explicando os conceitos, disponibilizar textos e/ou slides.
Como esta abordagem inicial será feita sem a mediação direta do professor, as instruções devem ser claras e o acesso aos materiais facilitado, pode-se usar ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais ou compartilhamento em nuvem, dependendo dos recursos disponíveis e da fluência digital dos alunos e do professor. É interessante explicar previamente em sala de aula como acessar o recurso tecnológico escolhido.
O professor pode solicitar aos alunos que façam anotações para registrar as dúvidas que surgirem. Uma forma de contribuir para o registro é realizar questionários de avaliação diagnóstica, que mostrem ao estudante e ao professor quais os pontos compreendidos e quais necessitam de revisão.

Para enriquecer o momento em sala de aula, a sugestão é estudar metodologias ativas. Aproveite para colocar em prática a aprendizagem baseada em projetos, a elaboração de pesquisas científicas, realização de experiências em laboratórios de ciências, debates (por exemplo no modelo de fórum da ONU), rodas de conversa e diálogo, produção de mídias, atividades mão na massa, entre outras.
Use a criatividade para desenvolver atividades voltadas para o conteúdo da sua disciplina. Aliás, é uma ótima oportunidade para articular com outros professores um projeto interdisciplinar.
Sugestões de recursos tecnológicos
Para finalizar o texto, vou dar algumas indicações de recursos tecnológicos que podem ajudar a planejar o processo de ensino utilizando o modelo de sala de aula invertida.
1) Plataformas de conteúdo educacional
Existem alguns sites que podem facilitar o processo de seleção dos materiais para o momento de estudo em casa. O YouTube Edu e o Khan Academy oferecem videoaulas feitas para serem utilizadas por professores e alunos. Além disso, o professor pode procurar por MOOCs (Curso Online Aberto e Massivo, do inglês Massive Open Online Course) que são cursos completos sobre diversos temas, muitas vezes elaborados por universidades renomadas do Brasil e do mundo.
Caso haja interesse em trabalhar com podcasts, uma sugestão é utilizar o tocador de podcasts do Google. Por fim, para procurar por artigos acadêmicos, o educador pode utilziar buscadores específicos como o Google Acadêmico ou um banco de artigos e teses como o Scielo.
2) Ambiente virtual de aprendizagem
Os ambientes virtuais de aprendizagem são plataformas online feitas para auxiliar professores a disponibilizar links, conteúdos, avisos e outros recursos. Algumas das mais conhecidas são o Moodle, o Google Sala de Aula e o Blackboard. É possível que a sua escola já utilize alguma ferramentas deste tipo, aprenda o tutorial para conhecer e utilizar os recursos disponíveis da maneira mais adequada.
Uma alternativa seria a utilização de redes sociais (como os grupos de Facebook) ou de sistema de armazenamento em nuvem. Porém, são soluções menos efetivas, visto que não foram criadas com objetivo pedagógico.
3) Ferramentas de comunicação
A comunicação é essencial para uma boa aplicação do modelo de sala de aula invertida, visto que as instruções, links de acesso e datas de tarefas devem estar claras para os alunos e para os pais. Aplicativos de agenda, calendário, avisos e registros acadêmicos podem ajudar o professor a se organizar e realizar a comunicação de forma efetiva.
A Layers Education as melhores soluções tecnológicas para a comunicação e a gestão da escola, além de integração com outros sistemas importantes, como os citados ambientes virtuais de aprendizagem. Para saber mais, visite o site da empresa.
Referências para aprofundar no tema
Vou deixar algumas referências para quem quiser aprofundar no tema do Ensino Híbrido. Meus próximos textos continuarão o assunto, com recortes específicos.
- Livro “Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação”, de Horn e Staker. Reforçando que os autores se baseiam no contexto dos Estados Unidos, portanto é importante uma releitura adaptando para o Brasil.
- Livro “Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação”, com textos de diversos educadores e pesquisadores, organizados pela Lilian Bacich, uma das maiores especialistas no tema no Brasil.
- Curso online “Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação”, elaborado pela Lilian Bacich e oferecido pela Fundação Lemann.